Entrevista com Joana Penna – ilustradora dos livros Diário de Pilar

Joana Penna é uma renomada artista brasileira que ficou conhecida especialmente pela sua colaboração como ilustradora na série de livros infanto-juvenis Diário de Pilar, escrito pela Flávia Lins e Silva e publicado pela editora Zahar. A série vem conquistando crianças em diversos países onde foi publicada como França, Alemanha, México, Argentina, Espanha, China e Polônia.

Natural do Rio de Janeiro, Joana Penna graduou-se em Design Gráfico na Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro em 1997 e neste mesmo ano partiu para Barcelona onde estudou design, caligrafia e ilustração na EINA Design School. Posteriormente, mudou-se para Londres, onde se dedicou mais um ano e meio em estudos na Central Saint Martins e na Camberwell School of Arts.

Joana passou uma temporada de quatro anos na Ásia desbravando o Sri Lanka, onde assumiu cargos em duas empresas e também registrou suas impressões sobre os países que conheceu em alguns diários. Apaixonada por viagens, ela rumou para os EUA e retomou os seus estudos em artes e também a carreira como ilustradora. Em Nova York, estudou na School of Visual Arts e fez aulas de encadernação no Center for Book Arts.

Além de ilustradora, Joana leciona aula de artes para crianças em New Jersey, onde mora atualmente, e trabalha desde 2017 para a Globo News criando animações para programa Manhattan Connection. Além da série Diários de Pilar, Joana Penna contribuiu como ilustradora em outros livros infantis publicados por editoras brasileiras. Recentemente, Joana também começou a trabalhar em um projeto incrível que tem a premissa da “arte como terapia de cura” e é desenvolvido pela fundação Artworks, The Naomi Cohain Foundation, que busca artistas para darem aulas de artes para pacientes pediátricos em hospitais.

Em entrevista exclusiva com Joana, pudemos conhecer um pouco mais de sua trajetória como ilustradora, de seu processo criativo e de trabalho e também a artista deu dicas valiosíssimas para quem está começando a se aventurar no mundo da arte. Confira abaixo:

PB – Joana, poderia nos contar como você começou a ilustrar?

Joana Penna – Eu cresci vendo a minha mãe pintar. Ela pintava a óleo, uma modalidade que nunca tentei, mas que tenho bastante vontade de aprender algum dia. Minha infância sempre foi acompanhada de materiais de desenho e pintura. Os presentes que eu ganhava em sua maioria eram lápis, canetinhas, blocos de papel. Acho que a questão não é como se começa a pintar, mas sim em qual momento você parou. Eu nunca parei. Afinal toda criança desenha, mas em algum momento, por algum bloqueio ela para. Na minha monografia de conclusão do curso de Design eu pedi para que várias pessoas desenhassem uma joaninha e recebi como resposta que não sabiam desenhar. Algo bem simples, uma bolinha vermelha, com pintinhas pretas, ateninhas e as pessoas diziam que não sabiam pintar. Justamente porque em algum momento elas pararam, criaram essa ideia de que não sabiam desenhar. Eu frequentei quando criança uma escola que tinha um excelente programa artístico, muitas das minhas amigas também desenhavam, mas cada uma seguiu uma profissão diferente. Eu sempre estava desenhando e continuei desenhando até hoje.

PB – Conte um pouco sobre as suas viagens. Você costuma viajar bastante? Como concilia essa rotina?

Joana Penna – Eu amo viajar. Quando era criança brincava que queria ser aeromoça. A época que mais viajei foi na faculdade. Fui para Barcelona estudar, depois mochilei pela Europa. Conheci o meu marido, que é inglês, na Grécia, nos casamos e costumávamos viajar bastante. O ritmo deu uma diminuída quando os meus dois filhos nasceram, o Tom e a Sofia. Agora viajamos em família, as crianças já conheceram mais lugares do que eu conheci com a idade deles.

PB – As viagens te ajudaram na criação das ilustrações dos Diários de Pilar?

Joana Penna – Com certeza. Por mais que a gente encontre referências visuais na internet, a viagem proporciona referências sensoriais e emocionais que nenhuma fotografia é capaz de proporcionar. Quando fui ilustrar Pilar em Machu Pichu, viajei para o Peru, pois ainda não conhecia o destino. Fui atrás destas referências. Também teremos em breve o novo livro Diário de Pilar na Índia. Já tive a oportunidade de viajar para a Índia e o país que tem toda uma impressão sensorial, os cheiros das especiarias.

PB – Você ainda costuma fazer diários de viagem? Possui também um caderno de criatividade?

Joana Penna – Faço ainda diários das minhas viagens e sempre levo na bolsa caderno, papel, lápis e canetinhas. Em 2017 fui a Paris com a minha filha e fiz um diário. Já em uma viagem recente pelo México fiz diversos desenhos, sempre tenho o hábito de desenhar onde eu esteja. Vou guardando estes desenhos e eles podem me servir de referência para algum trabalho. Fomos agora no Natal e Réveillon passado levar nossos filhos para conhecerem o Sri Lanka, e fiz um diário. Encorajo meus filhos a fazer também. Meu filho Tom fez um diário muito legal dessa viagem. No diário, e com desenhos, registramos impressões diferentes do que nas fotos. Anos depois, quando se relê um diário de viagem, há várias informações e impressões que já não nos lembrávamos, e não são resgatadas nas fotos. Por isso, ainda mantenho o hábito de fazer diários de viagens, mas geralmente só à caneta. Não dá tempo de pintar com aquarela depois. Então tenho vários diários que ainda estão em preto e branco! E acho que vai acabar sendo um projeto para quando me aposentar: terminar de pintar meus diários de viagens!

PB – Quais os livros você costumava ler quando era criança?

Joana Penna – Em casa tinha uma coleção linda de livros do Monteiro Lobato em capa dura que foram da minha mãe, então eu costumava lê-los bastante. Também costumava ler uma coleção de livros ilustrados do Eliardo França e Mary França.  Lembro-me de ler Pipi Longstocking, inclusive já me chamaram a atenção sobre o fato de a Pilar lembrar um pouco a Pipi, por causa das tranças. Acaba sendo uma espécie de referência que trago desde criança.

PB – Quais são os artistas que você admira e que de alguma maneira inspiram o seu trabalho?

Joana Penna – Quando era pequena principalmente Picasso e Matisse. Tem uma frase muito legal de Picasso que levo para a minha vida que é “Demorei a vida inteira para desenhar como criança”. E é exatamente isso, no começo você se prende muito à técnica, a desenhar bem, mas com a maturidade você finalmente encontra o seu jeito de se expressar. Também costumava ler bastante Asterix e Tintim, inclusive o traço da Pilar é inspirado em Tintim, como se pode observar pelo formato dos olhos, por exemplo. Eu trouxe muita coisa do traço do Tintim como referência para criar a Pilar. De Asterix aproveitei a ideia da primeira página de introdução que sempre trazia um texto sobre a aldeia. No caso de Pilar, temos um texto introdutório que fala sobre a personagem, explica a escolha de suas roupas e etc. Também gosto de um livro sobre criatividade chamado Roube como um Artista. Admiro muito o trabalho de Quentin Blake (ilustrador dos livros do Road Dahl), da ilustradora Mariana Massarani, Melissa Sweet, Oliver Jeffers, da tcheca Květa Pacovská, da canadense Isabelle Arsenault, do Roger Melo e do Guto Lins, que foi meu professor e hoje é um grande amigo. Gosto de Tim Burton que muitas pessoas conhecem o trabalho como diretor, mas que também é um ilustrador incrível.

PB – Poderia nos falar um pouco sobre seu processo de trabalho? Você costuma criar tudo digitalmente ou de maneira manual?

Joana Penna – Para as animações do Manhatan Conection, que é voltado para um público adulto e muitas vezes têm caricaturas de políticos, as Animações são feitas digitalmente. Já para a ilustração de livros infantis crio tudo manualmente. Após fazer a primeira leitura do texto, começam a surgir as ideias de ilustrações. Então inicio os esboços a lápis no papel, vou fazendo anotações e rascunhos ao lado do texto mesmo, já estruturando as paginações. Vejo se a cada duas páginas, por exemplo, terá ilustração. Em seguida passo os desenhos a lápis para o papel de aquarela com o auxílio de uma mesa de luz. Depois começo a pintá-los com aquarela. Finalizado todo esse processo, escaneio as ilustrações e a fase seguinte é feita no computador. Como já tive muito problema de querer mudar, por exemplo, as posições da Pilar em um cenário e não conseguir, passei a criar todas as partes separadas, ou seja, desenho o fundo e a personagem separadamente e no computador eu faço um processo de colagem das ilustrações. Também é no computador que coloco sombra ou altero a tonalidade. Por fim, com o auxílio do Indesign, finalizo o projeto.

PB – Qual foi o seu maior desafio na criação das ilustrações dos Diários de Pilar?

Joana Penna – O maior desafio no processo de criação da Pilar foi encontrar o traço certo. Algo que eu poderia recriar diversas vezes. Quando fui convidada a ilustrar Os Diários de Pilar, a Flávia Lins e Silva já tinha 3 livros da série publicados, mas cada um com um traço diferente. Conversamos sobre a importância de a personagem ter uma identidade visual. Essa identidade visual é criada não só pelo traço da personagem e a técnica escolhida, mas também pela logo do título do livro, pelo projeto gráfico (fonte, páginas com pauta como um diário, uso de elementos fotografados no livro e não apenas ilustração, listas e anotações da Pilar, etc). Minha formação é de designer, e o visual dos livros da Pilar foram concebidos com o projeto gráfico e ilustrações pensados juntos, ambos feitos por mim. Geralmente esse processo é feito por duas pessoas diferentes. O ilustrador faz apenas as ilustrações, e a editora faz a paginação e design do livro. No caso do Diário de Pilar, eu recebo o texto da Flávia e entrego para a editora o livro todo paginado e ilustrado, pronto para ser impresso. Desenvolvi a Pilar com um traço simples, pensando que ela deveria estar em diferentes situações, poses e transmitir diferentes emoções sem que isso modificasse o traço. Por exemplo, ela tem o olho que é uma bolinha, como eu faria um olhar arregalado para transmitir espanto? Pensei todas essas questões no projeto a longo prazo. O primeiro livro foi lançado há 10 anos e já fizemos 8 livros desde então. Sempre que vou criar ilustrações para um novo livro, coloco os antigos na minha frente, porque o traço da personagem não pode mudar. Além disso, queríamos criar uma personagem original, fofa, que tivesse uma conexão com as crianças, uma personagem com a qual as crianças poderiam se fantasiar. Por esse motivo ela está sempre com a mesma roupa nas histórias, embora apareça com algum ou outro adereço ou roupa diferente, a roupa da Pilar é sempre a mesma. Definimos também que ela teria sempre a mesma idade e embora os leitores fiquem mais velhos, sempre vão surgindo novos leitores com a mesma idade da Pilar.

PB – Qual dica você daria para quem está começando a desenhar, ilustrar ou criar algum tipo de arte?

Joana Penna – Tenha sempre lápis e papel em mãos. Desenhe bastante, pois o que importa é o processo e não o resultado. Não se sinta frustrado se os desenhos não saírem da forma como você imagina, porque a nossa mão não acompanha mesmo a mente. Por isso, fique de bem com o que você fizer. Simplesmente faça. Se algo der errado, transforme. Nunca apague. Eu não deixo que os meus alunos usem borracha, deixo muito material disponível, porque aquilo que deu errado em determinado momento, pode ser aproveitado depois. Tem um livro muito legal que fala exatamente sobre isso e se chama Beautiful Oops que mostra como um erro pode ser transformado em algo bonito, basta usar a criatividade.


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As divertidas ilustrações do artista britânico Korky Paul

Ilustrador de livros infantis, o britânico Korky Paul ficou conhecido mundialmente pelas ilustrações da série de livros Winnie the witch, escrita por Valerie Thomas, e que narra as divertidas aventuras da bruxa Winnie e seu gato Wilbur. Em 1987 Winnie the witch conquistou o Children’s Book Award e foi publicado em mais de 10 idiomas.

Korky Paul nasceu em 1951 no Zimbabue e seu nome de batismo é Hamish Vigne Christie Paul. Um dos sete filhos de sua família, Paul costumava passar as horas vagas lendo gibis e desenhando as suas próprias histórias em quadrinhos. Em 1972 formou-se na Durban School of Art e foi trabalhar em uma agência de publicidade na Cidade do Cabo.

Quatro anos depois, mudou-se para a Grécia onde foi contratado para ilustrar livros educacionais que ensinavam crianças gregas a falar o inglês britânico. Seu trabalho em agências de publicidade seguiu em Londres e Los Angeles. Nos Estados Unidos, Paul estudou animação de filmes no Instituto de Artes da Califórnia com Jules Engel. Em 1980 publicou o seu primeiro livro, The Crocodile and the Dumper Truck, um pop up que traz a engenharia de papel de Ray Marshall.

A oportunidade de ilustrar Winnie the witch veio em 1986 quando conheceu Ron Heapy, da editora Oxford University Press. Cheio de piadas visuais e detalhes espirituosos, o livro conquistou um ano depois o importante prêmio Children’s Book Award no Reino Unido. Desde então, já foram lançados 15 livros da série, além de ter ganhado uma versão para a televisão que estreou em dezembro de 2016 no Discovery Kids na América Latina e no Milkshake! No Reino Unido.

Paul costuma desenvolver suas ilustrações com aquarela, caneta e tinta. Todo o seu trabalho é concebido manualmente, apenas após a finalização que as ilustrações são digitalizadas. Além da contribuição como ilustrador em diversos livros infantis, o artista possui obras originais expostas na Galeria Mazza Collection, Universidade de Findlay, Findlay, Ohio, EUA. Atualmente vive em Oxford, na Grã-Bretanha com a sua esposa e seus dois filhos.

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Maria Werneck de Castro – a ilustração botânica brasileira na segunda metade do século XX

Além de importante ilustradora científica, Maria Werneck de Castro desenvolveu um papel ativo na preservação do meio ambiente e principalmente da flora e fauna brasileira. Suas ilustrações ficaram conhecidas pela riqueza de detalhes e a qualidade técnica e artística com a qual eram concebidas.

Maria Werneck de Castro nasceu na cidade de Vassouras no Rio de Janeiro, porém dos 10 aos 20 anos residiu em Blumenau, onde teve a oportunidade de aprender a técnica do crayon contè com a professora Alice Werner. Com 30 anos e morando novamente no Rio, Maria Werneck foi trabalhar na Caixa Econômica.

Em 1940 foi convidada por uma amiga médica a fazer ilustrações patológicas, em que documentava o passo a passo das incisões a que assistia. Ali ela já mostrava um rigor técnico que surpreendiam, por isso, foi convidada a participar da criação de Brasília, a nova capital brasileira.

Já na casa dos 50 anos, Maria Werneck começou a se dedicar à ilustração botânica. O trabalho fez despertar como nunca o desejo de denunciar o desmatamento e lutar pela preservação ambiental e da biodiversidade brasileira, tornando-a uma das mais potentes vozes nesta causa.

Por este motivo, Maria Werneck especializou-se em retratar espécies em extinção com precisão técnica e detalhes muito fiéis captados com o auxílio de lápis, papel e finalizados em aquarela. Seu trabalho ganhou notoriedade internacional, tendo alguns de seus desenhos expostos Hunt Botanical Library, adquiridos pela Carnegie Mellon University de Pistsburgh, na Pensilvânia. Posteriormente teve a oportunidade de expor seu trabalho no Japão e na África do Sul.

Maria Werneck dedicou-se à ilustração botânica por três décadas nas quais conseguiu reunir um trabalho extraordinário que retrata as riquezas naturais brasileiras ameaçadas de extinção. A artista faleceu em 12 de março de 2000, no Rio de Janeiro, legando um trabalho de grande importância para o país e para o mundo.


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As lindas e bem-humoradas ilustrações da inglesa Helen Oxenbury

Aclamada autora e ilustradora de livros infantis, a inglesa Helen Oxenbury foi contemplada com importantes prêmios de ilustração e literários como o Prêmio Kate Greenaway, da Associação Britânica de Bibliotecas (BLA), 1969 e soma em seu currículo diversas publicações voltadas para o público infantil.

Nascida em 1938, Helen era filha de um arquiteto e desenvolveu desde cedo o gosto pelo desenho. Ainda adolescente ela estudou na Escola de Artes de Ipswitch e posteriormente frequentou dois anos na Escola Central de Arte e Design de Londres.

Sua paixão pela arte seguiu em passagens pelo teatro, cinema e televisão, onde ela desenvolveu um verdadeiro encantamento por criar cenários. A ilustração de livros infantis só se concretizou em 1964, após o seu casamento com o também artista John Burningham e nascimento de seus filhos.

Decidida a conciliar a maternidade com a sua carreira, Helen desenvolveu os seus primeiros projetos de livros, uma versão para o famoso As Aventuras de Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carrol e outros para os poemas coloridos de Edward Lear. Tomando gosto pelo ofício, Helen desenvolveu o seu primeiro projeto totalmente autoral com Numbers of Things, livro que tinha por intuito ensinar as crianças a contarem usando objetos de seu cotidiano.

Vale ressaltar que a artista inglesa foi uma das primeiras a lançar os chamados “livros de bordo”, publicações com páginas mais robustas dedicadas especialmente para as crianças pequenas. Suas ilustrações são repletas de imagens bonitas e bem humoradas que cativam e estimulam a imaginação das crianças e dos pais e educadores também.

Algumas das suas principais obras incluem Pig Tale (1973), All Fall Down (1987) e os livros de bordo para bebês I can (1985), I hear (1985) e I see (1985). Atualmente, Helen vive com o marido em Londres, onde têm um estúdio.


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Etienne Demonte – a beleza e precisão das ilustrações científicas

Um dos mais famosos pintores naturalistas do mundo, o brasileiro Etienne Demonte foi um especialista em ilustração científica e ganhou projeção mundial através da exposição de sua obra em importantes centros culturais. Seu trabalho, inspirado na fauna e flora brasileira, retrata de maneira realista e minuciosa detalhes que até mesmo uma fotografia não poderia captar.

Etienne Demonte nasceu em Niterói, Rio de Janeiro, em 20 de junho de 1931 e faleceu em maio de 2004. Descendente de europeus, desde criança foi um contemplador da natureza por influência de seu pai que o ensinou a gostar e respeitar a natureza. Os passeios ecológicos eram parte da rotina da família Demonte e inspirou o futuro artista a desenhar os animais que observava.

Embora tenha se dedicado bastante às aulas de desenho na juventude, Demonte perdeu a visão de um dos olhos em decorrência de uma complicação após um acidente durante um jogo de futebol de praia, motivo que o levou a parar de estudar. Começou então a trabalhar com máquinas de contabilidade na IBM e trabalhou durante nove anos no ramo de seguro.

Cansado daquela rotina, Demonte decidiu seguir a sua paixão pela arte. Juntou os desenhos que havia acumulado ao longo dos anos e que até então não passavam de um hobby e saiu a procura de editores. Foi admitido na editora Delta e ali começou a pintar profissionalmente. Seus primeiros trabalhos na área foram vinhetas para enciclopédias, o que lhe proporcionou o contato com muitos cientistas e desta maneira o artista foi introduzido no ramo da ilustração científica.

Demonte especializou-se inicialmente em aves e paleontologia, desenvolvendo-se em ornitofauna. A primeira exposição de seu trabalho em meados de 1967 foi um sucesso e lhe rendeu bastante divulgação e venda de quadros. O mesmo aconteceu nas exposições seguintes e após uma dessas mostras, o artista recebeu a encomenda de 40 quadros de aves. Algum tempo depois desenvolveu trabalhos para a empresa Franklin Mint Corporation, da Pensilvânia, Filadélfia, e assim o seu trabalho ganhou dimensão internacional. Além de diversas encomendas de colecionadores particulares.

Para a execução de seu trabalho, Demonde usava principalmente aquarela e guache e muito raramente óleo ou acrílico para reproduzir de maneira mais fiel texturas e cores da natureza. O tempo para conceber uma prancha podia variar de acordo com a complexidade do trabalho, porém ficava em torno de 10 a 15 dias. Após dias de observação de uma ave em seu ambiente natural, levava as suas anotações e rascunhos para o seu ateliê, onde podia utilizar tanto a luz interna quanto externa. Com o auxílio de uma lupa, conseguia retratar os mais minuciosos detalhes.

Além das diversas exposições nacionais e internacionais, o trabalho de Desmonde foi eternizado em um documentário de 1986 feito pela National Geographie que acompanhou o pintor naturalista e sua equipe em uma expedição no Sudoeste da Bahia. Suas obras podem ser encontradas em instituições e coleções particulares de diversos países como Estados Unidos, Inglaterra, Alemanha e Japão.


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As flores e fadas de Cicely Mary Barker

Cicely Mary Barker foi uma renomada ilustradora inglesa. É frequentemente lembrada por trazer o mundo mágico e florido das fadas em uma série de ilustrações. A artista era especialista em técnica da aquarela, mas também dominava a pintura a óleo e pastéis. Sua arte foi influenciada por Kate Greenaway e pelos pré-rafaelistas, além disso, era extremamente religiosa e chegou a produzir alguns livros com temática cristã.

Cicely nasceu em 28 de junho de 1895 Croydon, uma grande cidade localizada ao sul de Londres, na Inglaterra. Era a segunda filha do casal Walter Barker e Mary Eleanor Barker. Por ser epilética, Cicely era cuidada em casa e passou um tempo considerável de sua infância na cama, na companhia de livros e materiais de pintura.

Boa parte de sua formação artística foi através de cursos por correspondência, contudo, ela ingressou aos 13 anos na Croydon School of Art onde teve aulas até 1940 e inclusive chegou a lecionar na institução. Foi por volta de 1911 que Cicely começou a comercializar alguns de seus desenhos para Raphael Tuck & Sons que os transformou em cartões postais.

Após o falecimento de seu pai, Cicely Baker passou a enviar seu trabalho para diversas revistas ao mesmo tempo em que sua irmã abriu um jardim de infância na casa da família, um dos motivos que levou a artista a querer desenvolver trabalhos para o público infantil.

Entretanto, foi apenas em 1918 que o fantasioso mundo das fadas começou a integrar o seu trabalho através de uma série de postais que incluía também duendes. Cinco anos depois, a artista publicou ilustrações de fadas acompanhadas de versos e poemas e também a obra Flower Fairies of the Spring. Curiosamente suas personagens tinham como inspiração os alunos de sua irmã e as crianças da cidade.

A técnica artística usada por Cicely Barker era basicamente caneta e tinta, mas também continha óleo e pastéis. Frequentemente era vista com um caderno desenho onde capturava os traços de crianças que encontrava. Embora fosse influenciada pela famosa artista Kate Greenaway, as crianças de suas ilustrações eram menos melancólicas e com traço menos plano.

Cicely conquistou reconhecimento por seu trabalho com a série das fadas que persiste até os dias atuais. Contudo no final da década de 1920 ela decidiu contribuir para a comunidade religiosa criando obras de cunho sagrado. Sua irmã encerrou as atividades do jardim de infância em 1940 e em 1954 faleceu de ataque cardíaco. Após a morte da mãe, em 1960, a saúde da artista começou a deteriorar até o seu falecimento em 1973, aos 77 anos.

Muitos de seus esboços, pinturas e desenhos de crianças foram convertidos em doações para instituições de caridade quando a artista ainda estava viva. Os direitos da série Flower Fairies foi adquirido por uma divisão da Penguin Books e algumas de suas obras foram publicadas postumamente, como A Little Book of Prayers and Hymns (1994) e A Flower Fairies Treasury (1997).


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Pauline Baynes – entre mapas e mágicas ilustrações

Conhecida principalmente por suas ilustrações nos aclamados livros de J.R.R. Tolkien e nas Crónicas de Nárnia de C.S. Lewis, Pauline Baynes foi uma famosa desenhista e ilustradora britânica. A artista contribuiu em mais de 100 livros ao longo de sua carreira e seu traço único eternizou milhares de figuras que permeiam até hoje o imaginário de pequenos leitores ao redor do mundo.

Foi na pequena Hove, cidade localizada no condado de East Sussex, na Inglaterra, que nasceu Pauline Diana Baynes, em 9 de setembro de 1922. Os Baynes imigraram para a Índia quando Pauline era ainda um bebê e assim a jovem cresceu cercada de uma cultura e lugares que desenvolveram a sua fértil imaginação. Pauline chegou a ter como animal de estimação um macaco que fora treinado para levar tiffin, uma espécie de refeição servida geralmente na hora do chá, à mesa.

Contudo, a mãe de Pauline decidiu retornar para a Inglaterra com o intuito de proporcionar uma educação melhor para a suas filhas. Quem não gostou muito da decisão, foi Pauline que demorou bastante tempo para superar a separação da terra que amava. Estabelecidas na Inglaterra novamente, Pauline e sua irmã mais velha Angela, foram estudar em um colégio regido por freiras. Na escola, Pauline era alvo constante chacotas por conta de sua imaginação aguçada.

Aos 9 anos foi para Beaufort School onde começou a se interessar por arte e ao 15 anos ingressou Farnham School onde obteve formação técnica em design. Já aos 19 anos foi estudar na prestigiada instituição Slade School of Fine Art. A jovem Pauline teve a oportunidade de estudar os trabalhos de ilustradores como Gustave Doré, Edmund Dulac, Arthur Rackham , Ernest Shepard , RS Sherriffs , Rex Whistler , Jacques-Marie-Gaston Onfroy de Bréville e artistas de manuscritos medievais.

Pauline Baynes iniciou a sua carreira, junto com a irmã ao ingressar no Serviço Voluntário para Mulheres onde foram designadas como modelistas assistentes no Centro de Treinamento e Desenvolvimento de Camuflagem da Royal Engineers e depois foi transferida para o departamento de mapas, onde seu talento natural e precisão artística poderiam ser mais aproveitados. Inclusive, a experiência foi importantíssima para a criação dos mapas da Terra Média de J.R.R Tolkien.

O primeiro livro que Pauline ilustrou foi Question Mark, por meio de uma colega que pertencia a uma empresa familiar que imprimia livros infantis de figuras. Já em 1948 fez a sua estreia como escritora e ilustradora na obra Victoria e o Passaro Dourado. Posteriormente, teve o seu portfólio submetido ao editor George Allen & Unwin que o mostrou a J.R.R. Tolkien. Assim, a artista foi contratada para fazer as ilustrações primeiramente do livro Farmer Giles of Ham. Muito satisfeito com o trabalho de Pauline em suas obras, Tolkien a apresentou ao amigo C.S. Lewis, o que rendeu à artista a tarefa de ilustrar as Crônicas de Nárnia.

Para desenvolver as suas ilustrações com temática medieval, Pauline se entrega a uma intensa pesquisa de suas vestimentas e costumes, características que lhe rendeu o Prêmio Kate Greenaway pela obra A Dictionary of Chivalry (1968) de Grant Uden que conta com mais 600 ilustrações da artista. Pauline Baynes faleceu em 2008, aos 85 anos, em Dockenfield.


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As fantásticas e inovadoras ilustrações de Walter Crane

A imaginação foi importante para tornar Walter Crane um dos mais famosos ilustradores de livros infantis. O artista inglês exerceu ao longo de sua vida os ofícios de pintor e designer, contudo foram os seus estudos das cores das xilogravuras japonesas, o fator que o levou a se destacar na criação de ilustrações para uma inovadora série de livros brinquedos. O estilo desenvolvido por Crane vem inspirando diversos artistas, principalmente de histórias em quadrinhos.

Walter Crane nasceu na cidade inglesa Liverpool, em 15 de agosto de 1845. Filho do artista Thomas Crane, pintor de retratos e miniaturista, teve contato com a arte desde o berço. Ainda muito jovem, tornou-se aprendiz de William James Linton, artista com quem aprendeu sobre xilogravura e também teve a oportunidade de estudar os antigos mestres italianos.

Bastante preocupado com as questões sociais, Crane era constantemente requisitado para ilustrar publicações de caráter político. Mesmo sendo um artista versátil, as ilustrações de livros infantis eram a sua verdadeira vocação e com a qual ganhava a vida. Walter Crane ilustrou para diversas idades, principalmente livros de alfabetos, rimas, fábulas e livros educativos para a primeira infância. O artista acreditava que através das imagens as crianças também poderiam adquirir conhecimento.

Em suas produções é possível notar a forte influência do Ukyio-e japonês e das gravuras medievais. Crane também costumava integrar em suas ilustrações os textos narrativos, técnica que permitiu o desenvolvimento das histórias em quadrinhos da forma que as conhecemos atualmente.

As ilustrações de Crane são dotadas de uma beleza e vivacidade sem igual. Com detalhes surpreendes e composições espirituosas que convidam o leitor a expandir a sua imaginação através das páginas dos livros. Entre as suas obras mais conhecidas, estão ilustrações para Rainha das Fadas (1895-1897) e The Shepheardes Calender (1897), ambos escritos por Edmund Spencer. Crane faleceu em 14 de março de 1915.


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Aubrey Beardsley – um dos mais notáveis ilustradores ingleses do século XIX

Considerado um prodígio artístico, Aubrey Beardsley foi um notável escritor, desenhista e ilustrador inglês. Artista importante para o desenvolvimento da Art Nouveau, Beardley recebeu influência também do grupo pré-rafaelita (que tinha por objetivo resgatar a pureza e honestidade que enxergavam na arte medieval) e das estampas japonesas que já haviam atraído os impressionistas.

Aubrey Vincent Beardsley nasceu em Brigton, Inglaterra, em 21 de agosto de 1872. Filho de Vincent Beardsley e Ellen Pitt teve uma irmã chamada Mabel que também se dedicou à arte. Desde cedo os irmãos Breadsley tiveram contato com a arte, desde pinturas, músicas à literatura e ainda crianças deram recitais de piano para ganhar dinheiro extra, pois a família, apesar de origem abastada, perdeu toda a fortuna, posição social e chegou a enfrentar problemas com a falta de dinheiro.

Aubrey Beardsley recebeu à partir de 1891 a mentoria do artista Edward Burne-Jones que o apresentou às obras de Sandro Botticelli e Andrea Mantegna, artistas que influenciaram bastante o desenvolvimento do estilo artístico de Beardsley. Naquela época, ele já havia concebido um extenso portfólio com desenhos que impressionaram bastante Burne-Jones. Naquele mesmo ano, o jovem artista passou a frequentar o curso noturno na Escola de Arte de Westminster.

Já em 1892, Beardsley foi apresentado pelo livreiro Frederick Evans à editora JM Dent que estava procurando um ilustrador para o seu próximo livro. Foi assim que em 1893, Beardsley fez mais de 300 ilustrações para o livro Le Morte d’Arthur, de Thomas Malory. O que deu início a um dos períodos mais intensos da carreira do ilustrador inglês com produções não apenas para livros como também para revistas e jornais.

Foi também nessa época que ele conheceu o escritor Oscar Wilde que seria responsável por popularizar o seu trabalho. Wilde, que já vinha colecionando escândalos com suas obras consideradas ousadas para a época, convidou Beardley para ilustrar a versão francesa de 1894 da peça Salome. Já nesta época estavam presentes em suas ilustrações a elegância característica da Art Nouveau e o traço moderno das estampas japonesas.

Com apenas pouco mais de 20 anos de idade, Beardsley já havia alcançado o status de celebridade. Naquela época contribuía para a publicação The Yellow Book, porém sua conexão com os escândalos que envolviam a figura de Wilde fizeram com que fosse demitido. Porém, a adversidade foi fator motivador para criar a rival The Savoy, revista em que se tornou editor chefe.

Posteriormente trabalhou em ilustrações para um longo poema escrito por Alexander Pope, The Rape of the Lock. Publicado em 1896, é considerado um dos seus melhores trabalhos, com ilustrações que remetem ao estilo rococó. Também neste período trabalhou no polêmico livro erótico intitulado Lisístrata. Por estes anos, sua saúde já andava debilitada devido ao retorno da Tuberculose que o acometera pela primeira vez aos 9 anos de idade. O artista faleceu em 1898 com apenas 25 anos de idade, porém deixando uma prolífica e admirada obra.


Acesse a galeria para admirar mais a obra de Aubrey Beardsley no Pinterest: https://br.pinterest.com/thaisslaski/arte-mat%C3%A9rias-do-site/aubrey-beardsley/


Crédito Imagens:
https://www.wikiart.org/

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