A Origem da Festa Junina – De Celebração Pagã à Festa dos Santos Populares

O Sol, como astro supremo, desde que se tem registro foi cultuado por diversas civilizações ao longo da história da humanidade. O que muita gente não sabe, é que uma das mais famosas e tradicionais celebrações, a Festa Junina, tem suas raízes em decorrência do Solstício de Verão (no hemisfério norte). Incorporada pelo cristianismo como celebração a São João, a Festa Junina ganhou o mundo. No Brasil, desembarcou durante a colonização e o festejo recebeu influências dos povos indígenas, africanos e europeus.

O dia mais longo do ano recebe o nome astronômico de Solstício de Verão e no Hemisfério Norte ocorre por volta do dia 21 de junho, quando o Sol atinge a maior declinação em latitude em relação à linha do Equador, já no Hemisfério Sul, o mesmo ocorre por volta do dia 21 de dezembro. Na Idade Média, uma das celebrações dos povos pagãos europeus, ocorria durante esta passagem da primavera para o verão através de rituais que exaltavam a fertilidade e uma colheita próspera. Entretanto, durante a consolidação da Igreja Católica na Europa, o feriado pagão foi convertido, entre outros, na homenagem ao nascimento de São João Batista, no dia 24 de junho.

Comemorada durante todo o mês de junho, a Festa Junina no Brasil foi trazida pelos portugueses e a base de sua celebração deriva das Festas dos Santos Populares, sendo estas em homenagem a Santo Antônio, São João e São Pedro, respectivamente nos dias 13, 23 e 29 de junho. Cada detalhe da festa remete à sua herança multicultural, como por exemplo, a quadrilha que deriva de uma dança francesa de salão, a música típica e seus mais populares instrumentos como a sanfona que foram trazidos também pelos europeus e hoje é um dos sons característicos do forró nordestino.

O ato de pular fogueira na festa junina também é oriundo das celebrações pagãs. Durante os rituais era comum acender fogueiras para limpezas energéticas, atrair prosperidade e fertilidade para o campo. O catolicismo, contudo, recorreu mais uma vez ao nascimento de São João para explicar a presença da fogueira. Segundo as escrituras sagradas, Isabel, mãe de São João, teria acendido uma fogueira para avisar Maria, mãe de Jesus, sobre o nascimento de seu filho. Um detalhe curioso das comemorações atuais é que a fogueira de cada santo possui um formato diferente, sendo a de São João, redonda, a de Santo Antônio, quadrada e a de São Pedro, triangular.

Independentemente de sua origem, é fato que a festa junina já se incorporou às tradições brasileiras, trazendo elementos do folclore popular, comidas típicas e com um colorido característico que a tornam um dos festejos mais animados do ano.

Picasso & Lump – O registro da amizade entre o pintor e seu cão feito pelo fotógrafo David Douglas Duncan

Se engana quem acha que o artista deve estar sempre rodeado de elementos sérios e intrinsecamente artísticos em seu ateliê ou estúdio para que o processo criativo flua. Um exemplo de como a arte pode se desenvolver em ambiente descontraído, em meio a crianças e até animais, é a amizade que o pintor espanhol Pablo Picasso cultivou com um simpático cachorro da raça Dachshund chamado Lump e que foi registrada pelo fotojornalista David Douglas Duncan.

Famoso por seus registros de combates de guerra e da vida íntima do amigo Pablo Picasso, David Douglas Duncan era também apaixonado por animais. Lump era um dos seus animais de estimação, mas em uma visita de Picasso à caso do amigo, surgiu uma conexão tão grande entre o pintor e o cão salsicha que o fotojornalista decidiu deixá-lo com Picasso. Daí surgiu uma parceria inusitada entre pintor e cão e que foi fielmente captada pelas lentes do próprio Duncan ao longo dos anos e resultou no fotolivro Picasso & Lump: O cachorro que comeu um Picasso, em tradução livre.

As fotos de Duncan trazem Picasso e seu cachorro em situações cotidianas e descontraídas. Segundo relatos, o artista espanhol costumava pintar sozinho, sendo Lump o único que podia acompanhá-lo. Para Pablo Picasso, Lump “não era um cachorro, mas sim um homem pequeno”.

Lump viveu ao lado de Picasso durante seis anos, O animal está presente em diversas das obras do co-fundador do cubismo, entre elas, destaca-se a série “Meninas”, em que Lump aparece em 15 das 44 telas que compõem o trabalho inspirado no quadro As meninas do também pintor espanhol Diego Velázquez.

Contudo um problema de coluna que Lump desenvolveu, colocou fim à parceria. Duncan levou o cachorro para ser tratado na Alemanha e o animal não visitou o seu amigo pintor novamente. Lump morreu em 1973 e coincidentemente Picasso faleceu uma semana depois.