Lilly Ebstein – a arte a serviço da ciência

As ilustrações ricas em detalhes e de uma precisão impressionante fizeram de Lilly Ebstein um nome importante no ramo científico. O trabalho prestigiado se mescla com a singular história da ilustradora alemã que escolheu o Brasil para desenvolver a sua carreira e ajudar levar a área da ilustração científica brasileira a outro patamar. Lilly exerceu um trabalho de grande contribuição para duas instituições centrais de pesquisa do país, a Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e o Instituto Biológico.

Lilly Ebstein nasceu em 7 de abril de 1897 na cidade de Breslau, Alemanha (região que atualmente pertence à Polônia). Filha de judeus alemães obteve, entre 1911 e 1914, formação em Fotografia Científica na renomada Escola Lette-Verein, em Berlim, instituição dedicada à profissionalização de mulheres desde 1866. Assim, após formada iniciou a sua carreira em 1914, ainda na capital alemã, como desenhista. Ilustrou publicações importantes como a Pathologische Anatomie, organizada pelo médico patologista Karl Albert Ludwig.

Lilly casou-se em 1919 com Max Lowestein com quem teve dois filhos. Após o fim da primeira guerra mundial, a Alemanha vivia um cenário de instabilidade política, econômica e com altos índices de desemprego. Lilly e sua a família então decidiram deixar a sua terra natal e tentar a sorte no Novo Mundo. Em 1925 chegaram ao Brasil e no ano seguinte Lilly se tornou funcionária da Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo, instituição ligada à Santa Casa.

Em poucos anos, ganhou um papel de destaque como principal desenhista e fotomicrógrafa. A fotomicrografia é uma técnica com a qual é possível obter imagens ampliadas através de lentes ópticas poderosas, o que permite enxergar detalhes até então desconhecidos de microorganismos, células, entre outros e tem papel importante. Lilly participou da restruturação da faculdade que teve foco nas áreas voltadas à ciência e pesquisa e garantiu à instituição o seu lugar como centro de pesquisa médica e divulgação do conhecimento no país.

Além de ilustrar artigos acadêmicos, somando um total de 22 publicações em 4 anos, Lilly contribuiu também com ilustrações para duas teses de doutorado. Seu trabalho excepcional lhe proporcionou, em 1932, o cargo de Desenhista Foto-Micrógrafa Chefe. Em meados dos anos 1930 a ilustradora científica colaborou também com o Instituto Biológico de Defesa Agrícola e Animal que embora tenha sido fundado em 1927, em pouco tempo se tornou reconhecido nacional e internacionalmente.

A ilustração científica é um trabalho de extrema complexidade, pois visa representar de maneira minuciosa os mais diversos aspectos do objeto de pesquisa. Lilly se destacava por conseguir transmitir com precisão texturas, pelagens e outros detalhes que às vezes se camuflam até mesmo em fotos. Seu material de trabalho era constituído por microscópios e lupas, para ampliar o máximo possível as particularidades invisíveis a olho nu e que posteriormente ela representava em papel.

Entre outros trabalhos importantes de Lilly Ebstein estão ilustrações para o livro Moléstias das Aves Domésticas, de José Reis (1932) e uma série com 39 desenhos para o manual de Anatomia Topográfica. Parte Especial. Membro Superior, do professor Odorico Machado de Souza (1956). A artista adquiriu a sua cidadania brasileira em 1935 e aposentou-se em 1956, após 30 anos de trabalho intenso. Todos os seus trabalhos era assinados como L. Ebstein, seu nome de solteira, detalhe que reafirma o seu lugar de mulher a frente de seu tempo. Lilly faleceu em 1966, aos 71 anos.

 

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Glauco Rodrigues – a arte contemporânea recontando a história brasileira

Glauco Rodrigues foi um importante pintor brasileiro de arte contemporânea. Ao longo de sua vida também se dedicou aos ofícios de gravador, desenhista, ilustrador e cenógrafo, deixando uma obra marcada por influência da Pop Art em que retrata com humor diversos aspectos da cultura brasileira.

Nascido em 5 de março de 1929 na cidade de Bagé, no Rio Grande do Sul, Glauco Otávio Castilhos Rodrigues iniciou-se em pintura de maneira autodidata por volta de 1945. Estudou com o artista José Moraes em 1949 e ainda naquele ano frequentou durante 3 meses a Escola de Belas Artes, no Rio de Janeiro, ao ser contemplado com uma bolsa de estudos concedida pela Prefeitura de Bagé.

No início da década de 1950 a obra de Glauco Rodrigues é marcada por representações da vida no campo e costumes regionais. Também participa de duas associações de artistas: o Clube de Gravura de Bagé, que ajudou a fundar, e o Clube de Gravura de Porto Alegre. No final desta década, enquanto reside em Roma, na Itália, suas produções se voltam para a abstração. É desta época Paisagem de Porto Alegre, 1957.

Já na década de 1960 o artista retorna ao estilo figurativo e sob a influência da Pop Art concebe obras humoradas com temáticas brasileiras como carnaval, futebol e natureza tropical. Assim nasceram produções como Terra Brasilis, 1970 e Carta de Pero Vaz de Caminha, 1971, em que narra o descobrimento do Brasil por meio de história em quadrinhos. Além de retratar as paisagens e aspectos culturais brasileiros explorando em tom crítico diversos clichês populares, Glauco Rodrigues mescla a utilização de personagens históricos e contemporâneos.

Entre outras obras famosas de Glauco Rodrigues destaca-se o quadro A Primeira Missa do Brasil, com a qual o governo brasileiro presenteou o Papa João Paulo II em sua visita ao Brasil em 1980 e que se trata de uma releitura de uma obra homônima do artista Victor Meirelles. Rodrigues foi o criador da primeira versão da capa do livro Morte e Vida Severina, de João Cabral de Melo, como também do cartaz do icônico filme Garota de Ipanema, Leon Hirzman.

Glauco Rodrigues ao longo de sua carreira recebeu prêmios importantes, como o Golfinho de Ouro Artes Plásticas do Governo do Estado do Rio de Janeiro, em 1987 e Ministério da Cultura Cândido Portinari de Artes Plásticas, em 1999. Criou em 2000 um imenso mosaico feito com pastilhas, situado na entrada da Fundação Oswaldo Cruz, em que retratou as históricas expedições amazônicas como também destacou as figuras de Oswaldo Cruz, Carlos Chagas e Louis Pasteur. O artista plástico gaúcho faleceu em 19 de março de 2004, no Rio de Janeiro.


 

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O Brasil do início do século XX através da obra de Castelnau

Castelnau se destaca com uma das obras mais ricas e representativas das expedições promovidas não apenas no Brasil, mas em toda a América Latina no século XX. Munido de tinta e papel, o explorador se dedicou em traçar um registro detalhado da zoologia, geologia, botânica, ornitologia e mapas de um Brasil recém-independente de Portugal.

François Louis Nompar de Caumont Laporte nasceu em 25 de dezembro de 1810, em Londres. Estudou história natural em Paris e aos 27 anos embarcou em sua primeira expedição científica em terras canadenses que durou 4 anos. Além de estudar a fauna dos lagos canadenses, também compôs um perfil dos sistemas políticos do Canadá e Estados Unidos.

Dois anos depois, em 17 de junho de 1843, Castelnau desembarcou no Rio de Janeiro junto com dois botânicos e um taxidermista em missão que tinha por objetivo estudar as possibilidades de comunicação através das águas da bacia do Rio Amazonas.

Durante os 4 meses em que passou no Rio de Janeiro teve a oportunidade de fazer observações meteorológicas e pesquisar sobre o magnetismo terrestre. Dali a expedição partiu para Minas Gerais, depois Cuiabá e sul do Mato Grosso de onde seguiu para solo paraguaio, passando por Assunção, subindo pela Bolívia e Peru até Lima. Assim, o explorador e seus companheiros cruzaram todo o continente sul-americano.

Uma parte da viagem pelo Rio Amazonas foi marcada pelo abandono de seus guias em terras de selvagens que habitavam a região, além disso, um dos integrantes da expedição saiu em busca de socorro e foi assassinado pelos índios que lhe guiavam. No entanto, mesmo com as diversas intempéries, Castenal concluiu a viagem 5 anos depois no Pará com vários esboços sobre suas observações meteorológicas, zoologia e diversas notas cedidas por seus colegas de expedição que utilizou na composição de sua obra.

Em suas obras são retratados tribos indígenas até então desconhecidas, com suas particularidades de organização social e cultura. Castelnau foi um dos primeiros a trazer em suas gravuras o interior de uma cabana indígena brasileira e até mesmo chegou a desmistificar algumas superstições que acompanham algumas das tribos. Além de trazer particularidades de locais que até hoje continuam pouco acessíveis.

Castenau ganhou destaque em terras brasileiras e chegou a ser nomeado cônsul francês na Bahia. Também realizou expedições pela África do Sul e pela Ásia entre 1856 e 1858. Entretanto estabeleceu-se na Austrália em 1862 e ali viveu até o fim de sua vida, em 1880.

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A arquitetura moderna e surpreendente de Gaudí

Famoso arquiteto catalão, Antonio Gaudí é um dos artistas expoentes do modernismo espanhol que tomou força a partir do final do século XIX e se estendeu até os primeiros anos do século XX. Sua obra reflete um homem de grande religiosidade, detalhista e inovador, que buscava na natureza as suas fontes de inspiração, além de empregar diferentes técnicas de tratamento dos materiais utilizados em seus trabalhos. Teve 7 de suas obras tombadas pela UNESCO, além disso, o templo Sagrada Família é um dos pontos turísticos mais visitados da Espanha.

Antoni Gaudí i Cornet nasceu na província de Tarragona, situada na região da Catalunha, em 25 de junho de 1852. Oriundo de uma família humilde, Gaudí se interessou desde cedo por arquitetura. Ingressou em 1869 na Escola Superior de Arquitetura de Barcelona, entretanto levou 8 anos para concluir o curso, devido ao serviço militar, entre outras intempéries.

Os primeiros trabalhos de Gaudí refletem a influência da arquitetura gótica e do revivalismo do século XIX, movimento que buscava resgatar um pouco da tradição cultural espanhola. Outra grande influência na obra de Gaudí foi o arquiteto francês Eugene Viollet-le-Duc, que também aderiu ao revivalismo na França. Além disso, a obra de Gaudí também traz elementos da Art Nouveau caracterizada pelo estilo mais geométrico e modernista.

Apesar de ter se juntado ao Movimento Nacionalista da Catalunha durante a juventude, logo Gaudí tornou-se um homem de forte religiosidade, dedicando boa parte de sua vida e trabalho à igreja católica. Inclusive, a sua obra-prima, O Templo Expiatório da Sagrada Família, foi um projeto ao qual o arquiteto se dedicou durante os últimos 40 anos de sua vida. Gaudí, inclusive, faleceu sem ter concluído esta obra, que possui previsão de conclusão para o ano de 2026.

As obras de Gaudí se destacam pela escolha ousada de formas, texturas e cores, compondo uma unidade orgânica e que não passam despercebidos até ao olhar menos atento. Entre os projetos de maior destaque do artista catalão estão o Parque Guell, que reflete a fase mais naturalista de Gaudí, a Casa Batlló, edifício modernista que contou com a participação dos arquitetos Josep Maria Jujol e Joan Rubió i Bellversituado e a Casa Milà, edifício que aparenta ser um grande bloco de pedra e que por este motivo também é conhecido como La Pedrera.


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A arte experimentalista de Man Ray

A vanguarda artística do século XX revelou movimentos e nomes importantes para a história da arte mundial, entre os quais se destaca o pintor, fotógrafo e cineasta norte-americano Man Ray. O artista foi um dos líderes do movimento dadaísta e também responsável por inovações na fotografia.

Man Ray é o pseudônimo de Emanuel Radnitzky, nascido em 27 de agosto de 1890 na Filadélfia, Estados Unidos. O jovem interessou-se por arte desde pequeno, por isso, estudou arquitetura, engenharia e artes plásticas. Seus primeiros experimentos na pintura tendiam para o estilo cubista.

Por volta dos 25 anos, Ray conheceu o artista Marcel Duchamp com quem fundou o movimento dadá novaiorquinho que propunha uma arte que chocasse a sociedade, principalmente a burguesia, utilizando-se de objetos de pouco valor que assumiam uma posição de desconstrução da arte tradicional. Em 1915 o artista fundou, escreveu e ilustrou a primeira revista dadaísta: The Ridgefield Gazook.

Ray mudou-se para Paris em 1921, após se separar da poeta belga Adon Lacroix. Além de integrar o movimento dadaísta francês, o artista norte-americano ainda teve contato com o surrealismo. Experimentalista, começou a usar objetos do cotidiano para compor suas obras, como também tinta spray em suas pinturas e passou a desenvolver novos métodos de fotografia. Nessa época, tanto suas obras pictóricas, como fotográficas receberam influências do surrealismo.

Pioneiro na arte de desconstruir a imagem fotográfica, suas produções são marcadas pelo uso de diferentes técnicas. Entre elas, destacam-se o uso da solarização, em que o tom da imagem é invertido parcialmente; a raiografia, em que objetos são dispostos sobre o papel fotográfico em um quarto escuro e expostos à luz sem utilização de câmera, obtendo imagens abstratas. Posteriormente retratou em suas fotografias estrelas de cinema como Marylin Monroe e Catherine Deneuve.

Entre as principais obras de Man Ray estão The enigma of Isidore Ducasse (1920), The Gift (1921), O Beijo (1922), Ingre’s Violin (1924), Black and White (1926) e Glass tears (1932). No cinema, destaca-se a produção do curta surrealista L’Étoile de Mer (1928).

O reconhecimento pela arte experimentalista de Man Ray, no entanto, só veio em 1961 quando conquistou a Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia de Veneza. O artista faleceu em 18 de novembro de 1978 em Paris.

 

 

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André Breton e o movimento surrealista

Destacado poeta e escritor francês do século XX, André Breton exerceu grande contribuição artística e cultural ajudando a disseminar o surrealismo através de seus manifestos e teorias sobre o movimento. Foi um dos primeiros escritores a desenvolver a técnica de escrita automática, fundamentado principalmente nas teorias de Freud.

Nascido em 19 de fevereiro de 1896, na comuna de Tinchebray, em uma modesta família francesa, André Breton teve uma educação rígida, porém rica culturalmente. Pressionado pela família, o jovem iniciou os estudos em Medicina, e em 1916 foi convocado para servir no exército francês como enfermeiro na cidade Nantes.

O que poderia tê-lo afastado da vida artística, na verdade o aproximou ainda mais. Breton conheceu nesta época Jacques Vaché, jovem que rejeitava radicalmente o convencionalismo, encarando a vida de maneira sarcástica e cética. Viveu apenas até os 24 anos, porém de maneira intensa, como se fosse o personagem de um livro de ficção, legando diversas cartas e desenhos que compuseram o que pode ser considerado como sua obra.

A influência de Vaché determinou o humor com o qual Breton desenvolveria seus trabalhos, já a técnica se fundamentou através das teorias freudianas das associações espontâneas, como também o contato que o artista teve com os fundadores do movimento dadaísta e nas teorias de automatismo psíquico de Jean-Martin Charcot e Sigmundo Freud.

Em 1919, ao lado dos poetas Louis Aragon e Philippe Soupault, fundou a revista Littérature sobre o surrealismo. Ainda naquele ano, lançou uma coletânea de poemas intitulada Mont-de-Pieté e o livro Campos Magnéticos, junto com Soupault. Cinco anos depois escreve uma das suas obras mais famosas O Manifesto do Surrealismo (1924) em que discorre sobre as principais características do movimento. Para Breton, o amor, a liberdade e a poesias eram a principal base do surrealismo.

Em 1927 é seduzido pelas ideias de Marx e Rimbaud, por isso, ingressa no Partido Comunista. O segundo manifesto surrealista, lançado em 1930, ganha um viés mais político o que ocasiona no afastamento de muitos artistas que até então se identificavam com o movimento. Breton, porém rompe com o Partido em 1935, devido a divergência de ideias.

Em 1941, Breton se refugia nos Estados Unidos, devido a Guerra, retornando apenas em 1946. Até o fim de sua vida, se dedicou a difundir o caráter revolucionário e político de suas ideias, principalmente do surrealismo. Faleceu aos 70 anos, em Paris.

 

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Rafael – a busca da perfeição renascentista

Mestre do Renascimento italiano, Rafael é um dos nomes mais representativos da escola de Florença e se destacou na pintura e arquitetura com suas obras que beiram a perfeição. O artista italiano é reconhecido como um dos gênios da arte renascentista, ao lado de Michelangelo e Leonardo Da Vinci.

Muitas vezes mencionado como Rafael Sanzio, segundo nome que provavelmente se referia ao local de seu nascimento, foi batizado como Raffaelo Santi e nasceu em 6 de abril de 1463, em Urbino na Italia. A paixão pela arte veio de seu pai, homem culto e que também era pintor, embora pouco reconhecido.

Nos anos que antecederam ao nascimento de Rafael, Urbino havia se tornado um verdadeiro centro cultural, graças ao duque Federico de Montefeltro que apreciava todas as formas artísticas. O pai de Rafael, Giovanni Santi, dirigia um estúdio de pintura e assim pode ensinar o ofício ao seu filho, como também apresentá-lo às obras de Paolo        Uccello, Luca Signorerelli e Melozzo da Forti. Assim, antes dos 18 anos Rafael já havia se tornado referência artística em Urbino e requisitado para produzir algumas encomendas artísticas.

Discípulo de Pietro Perugino, Rafael aprendeu com o mestre as técnicas de afresco e pintura mural. Já em 1504 o artista italiano se muda para Siena e depois para Florença onde tem contato com os trabalhos de Leonardo Da Vince e Michelangelo. Influenciado por estes dois artistas inicia a produção de uma série de madonas. É de 1504 a obra mais famosa da primeira fase artística de Rafael O Casamento da Virgem.

Em seus trabalhos são empregadas técnicas desenvolvidas por Da Vinci, como o chiaroscuro e o sfumato, além do cuidado com os detalhes da anatomia humana, especialmente encontrado na obra de Michelangelo. O pintor também recorre em suas pinturas às referências da Antiguidade Clássica, como também da natureza.

Em 1508, Rafael muda-se para Roma e conquista a atenção da Igreja comandada à época pelo Papa Júlio II. Contratado como pintor, é incumbido de decorar diversos apartamentos do Vaticano, e não demorou a ser chamado de o Príncipe dos Pintores. É desta época uma de suas pinturas mais famosas Escola de Atenas que tem como tema a Filosofia e marca com clareza a evolução artística de Rafael.

Rafael continuou como principal pintor do Vaticano quando Leão X assumiu o posto de papa após a morte de Júlio II, contudo o artista não deixou de se dedicar à pintura, retratos, cenografias, decorações sacras, cartões para tapeçarias e projetos arquitetônicos. Em 1514 Rafael foi nomeado arquiteto do Vaticano, ficando responsável principalmente pelas obras da Basílica de São Pedro.

Artista intensamente dedicado, Rafael fez o seu nome conquistando exatamente o lugar de destaque que almejou: ao lado de Michelangelo e Da Vinci, formou a tríade do renascimento italiano. Outras de suas obras famosas são Madona e o Menino Entronados com Santos (1504), Virgem do Prado (1505-1506), A deposição (1507), A Sagrada Família Canigiani (1507-1508) e Transfiguração (1518-20), esta última ficou inacabada e foi concluída por Giulio Romano, a obra também acompanhou o cortejo fúnebre de Rafael que faleceu precocemente no mesmo dia de seu aniversário de 37 anos, acometido por uma febre.

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Debret – a pintura documentando o Brasil colonial e o início como Nação independente

Importante pintor e desenhista francês, Debret retratou em suas telas o cotidiano da sociedade brasileira do século XIX, seus aspectos exóticos e naturais, como também acontecimentos históricos que antecederam e sucederam à independência do país. Debret ainda foi o criador da primeira bandeira do Brasil.

Oriundo de uma tradicional família francesa, Jean-Baptiste Debret nasceu em 18 de abril de 1768, em Paris. Iniciou o seu estudo de arte na Escola de Belas Artes de Paris, na classe de seu primo Jacques-Louis David, importante pintor neoclassicista. Também cursou engenharia no Institut France. Em 1791 conquistou o segundo prêmio de Roma com a tela Régulus voltando ao Cartago.

Seus primeiros trabalhos eram de cunho religioso, bélicos e relacionados ao imperador francês Napoleão Bonaparte. Após se formar, Debret atuou como desenhista e posteriormente professor de desenho da École centrale des Travaux Publics. Dedicando-se ainda à pintura expôs no salon de 1798, onde expôs quatro figuras em tamanho natural.

Após a queda de Napoleão Bonaparte e tendo passado pela trágica morte de seu único filho de dezenove anos, Debret decide integrar a Missão Artística Francesa que desembarcou no Brasil em 1816, e que tinha o objetivo de criar uma Academia de Belas Artes, e no país ficou por 15 anos. Estabeleceu-se no Rio de Janeiro, onde criou um ateliê e começou dar aulas de pintura em 1817, tendo como aluno Simplício de Sá.

Seu primeiro trabalho ao chegar ao Brasil foi retratar o funeral da Rainha de Portugal, D. Maria I e a nomeação do novo monarca da Corte, o que lhe deu a oportunidade de frequentar a corte brasileira e projetar o seu nome. Debret, em 1825, realiza águas-fortes, localizada na Seção de Estampas da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro e nos 5 anos subsequentes atua como professor de pintura histórica da Academia Imperial de Belas Artes.

Os 15 anos que passou no Brasil rendeu além de diversas pinturas que dão um panorama de como vivia a sociedade brasileira, a escravidão, arquitetura, a flora e a fauna nativas retratadas em estudos em aquarela, também serviu de material para o livro Viagem Pitoresca e História ao Brasil, editado entre os anos de 1834 e 1839 e lançado em três volumes ilustrados.

Seu olhar de viajante buscou retratar os aspectos de uma nação que estava surgindo, trazendo em suas aquarelas cores vivas que eternizaram as emoções e os sentimentos daquela sociedade. Para as belezas naturais brasileiras, Debret dedicou um tom mais documental, dedicando-se com afinco em retratar os seus objetos de estudos com o máximo de detalhes.

Ao longo de sua vida, Debret se dedicou aos ofícios de desenhista, decorador, gravador, professor francês, cenógrafo e pintor renomado. Entre as principais obras de Debret destacam-se Desembarque de Dona Leopoldina no Brasil (1917), O Jantar (1820), Coroação de D. Pedro I (1828), Caçador de Escravos (1830) e Aclamação de D. Pedro II (1831). O artista francês faleceu em 18 de abril de 1768, aos 80 anos, em Paris.

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