A união artística entre o lendário Barão de Itararé e o caricaturista Guevara

A parceria entre o jornalista Apparício Torelly, o Barão de Itararé e o caricaturista Guevara resultou no Almanhaque. A publicação que teve sua primeira tiragem em 1949 parodiava os almanaques da época e foi um verdadeiro sucesso. O Almanhaque do Barão de Itararé continha textos, jogos, passatempos, contos e tirinhas recheadas de um humor ácido e contestador, combinação que até hoje é referência entres as publicações brasileiras.

Pioneiro no humorismo político brasileiro e conhecido pelo falso título de nobreza Barão de Itararé, o jornalista e escritor Apparício Fernando de Brinkerhoff Torelly nasceu em 29 de janeiro de 1895, na cidade de Rio Grande no Rio Grande do Sul e que faz fronteira com Uruguai.

Iniciou a sua carreira como colaborador do jornal A Manhã, em 1925, publicando sonetos de humor que tinham como tema um político da época. Também foi fundador do Jornal do Povo em 1934, publicação que durou apenas 10 dias, e do jornal A Manha que circulou ativamente entre 1926 e 1935.

Já o artista gráfico, pintor e ilustrador Andrés Guevara nasceu na cidade de Villeta, no Paraguai, em 1904. Sua carreira começou com a publicação de caricaturas nos Jornais El Diario e El Liberal.

Em passagem pelo Brasil, Guevara então com apenas 19 anos, tornou-se caricaturista em diversos jornais e revistas da época, trazendo a decomposição e geometrização das formas, características que se sobressaem no estilo cubista. Colaborou em A Maçã entre 1923 a 1925 e no jornal A Manhã, como chargista de uma coluna humorística, entre 1926 e 1929. Nos sete anos em que ficou no país destacou-se também como diretor de arte, reformulando o design gráfico da imprensa brasileira.

Depois foi morar na Argentina em 1930, ocasião em que começou a usar modernas técnicas de diagramação e planejamento gráfico, tornando-se referência como artista gráfico. Foi criador do projeto gráfico e logotipo do jornal Clarin, fundado em 1945 e que se tornou o jornal de maior tiragem da Argentina.

Em 1949, o Barão de Itararé e Guevara que já haviam trabalhado juntos em A Manhã, retomam a parceria no projeto do Almanhaque. A publicação nada mais é do que uma expressão de todo o estilo cunhado pelo jornalista ao longo de sua carreira, baseando-se principalmente no jornal A Manha. Já na parte gráfica, é a figura de Guevara que se sobressai.

O traço do artista paraguaio fica visível no brasão do Barão de Itararé como na maior parte dos desenhos que compõem o Almanhaque. Guevara então já havia suavizado o seu estilo geométrico, passando a usar uma abordagem mais despojada e cartunesca. Sucesso garantido, a publicação chegou a ganhar duas novas tiragens em 1955.

Crédito Imagens:
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